quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Transfusão Sanguínea

A transfusão é definida como uma terapia intravenosa com sangue total ou com hemocomponentes, dependendo da disponibilidade e da indicação da transfusão. A indicação mais freqüente para a realização da transfusão sanguínea é para correção da anemia grave causada por hemorragia, hemólise, eritropoiese ineficaz, anemia hemolítica auto-imune e neoplasia. Nas últimas décadas a transfusão sanguínea ganhou notoriedade como medida de terapia emergencial na clínica de pequenos animais. O avanço da técnica de hemoterapia e a maior segurança ao empregá-la estão relacionados com o reconhecimento dos tipos sanguíneos caninos e o teste de compatibilidade. Os estudos sobre tipagem sanguínea no Brasil ainda são escassos, sendo o teste de compatibilidade sanguínea a técnica mais comumente utilizada com o intuito de minimizar os riscos de reações transfusionais.

A transfusão sanguínea deve ser realizada em animais que se encontram em um estado crítico da anemia. A transfusão de hemocomponentes auxilia aumentado o transporte de oxigênio, corrigindo a hipoproteinemia e hipovolemia, auxiliam na imunidade passiva de animais que necessitam do colostro e ainda melhora a hemostasia.

Para que o animal passe pela transfusão sanguínea, é necessário que seja realizado testes de tipagem sanguínea para saber se o doador é compatível com o receptor do sangue, com isso evitando possíveis reações que podem ser causadas pela transfusão e que podem colocar em risco a vida do animal.



Nos casos em que o animal não necessita da transfusão com o sangue completo pois só está com deficiência de alguns de seus componentes é possível que seja realizado o fracionamento desse sangue e transfundir seus hemocomponentes separadamente.



O tratamento através da transfusão de sangue pode ser realizado em várias situações que diminuam as condições de saúde do paciente, como em hipoproteinemia, anemias, coagulopatias e hemorragias. Esse sangue após ser coletado pode ser imediatamente transfundido ou ser armazenado, na sua forma completa ou em hemocomponentes.
  • Seleção de doadores

Para que o cão seja aceito como doador eles devem ser saudáveis e adultos, com uma idade entre um a oito anos, com uma temperatura estável e peso mínimo de 27kg. O animal não pode apresentar ectoparasitas como pulgas e carrapatos e deve estar com as vacinas em dia, e vermifugado. Após ser realizado o exame físico, por mais que o animal se encontre visivelmente bem, devem ser realizados exames em busca de doenças que podem ser transmitidas através da transfusão sanguínea, como exemplo a Ehrlichia canis e a Leishmania sp. De 15 a 20% do volume sanguíneo dos cães pode ser doado a cada 3 a 4 semanas, com nutrição balanceada. Quando o animal não é suplementado com ferro, ele pode doar um volume máximo de 16 a 18ml por kg, já quando o doador é suplementado com ferro, ele pode doar uma média de 22ml por kg a cada 21 a 28 dias. Fêmeas doadoras caninas e felinas devem ser castradas e nunca ter parido. Os doadores devem ser vacinados, livre de doenças e de hemoparasitas, não podem ter passado por transfusão e devem passar por exames hematológicos e bioquímicos.
  • Coleta
O sangue geralmente é coletado com o animal em posição de decúbito lateral e através da veia jugular,  bolsa de coleta lacrada permitindo uma boa vedação tornando a ambiente da bolsa asséptico, nela está contida uma quantidade de 63ml do anticoagulante CPDA-1 (citrato-fosfato-dextrose-adenina) para cada 450ml de sangue, quando a quantidade de sangue for menor que 450ml, deve ser retirada parte do anticoagulante para que o sangue não fique muito dissolvido. No próximo 15 a 20 minutos seguidos a transfusão o animal deve ser observado para no caso de o animal apresentar mucosas pálidas, fraqueza ou outros sinais de pressão baixa, seja realizada soroterapia. Após a coleta o animal deverá ser alimentado e hidratado, e exercícios mais pesados deveram ser evitados por alguns dias.


  • Doação

A doação deve começar com a assepsia do local próximo à veia cefálica em que o animal receberá o acesso para a entrada do sangue no corpo do receptor. Durante a doação o doador deve ser constantemente observado para que qualquer alteração na coloração das mucosas, no comportamento do animal, no pulso ou na frequência respiratória seja detectada a tempo e o animal não sofra com a coleta excessiva do seu sangue. A doação em cães vai durar de 3 a 15 minutos em cães, e durante todo esse período é necessário que seja realizada a homogeneização do sangue para que não haja a formação de coágulos.









Referências Bibliográficas
-GOMES, S. G. R.; Transfusão Sanguínea. In: SANTOS, M. M.; FRAGATA, F. S. Emergência e Terapia Intensiva Veterinária em Pequenos Animais. 1a edição. São Paulo, ROCA, 2008. cap. 15, p. 172 – 190.
-KRISTENSEN, A. T.; FELDMAN, B. F. Bancos de sangue e medicina transfusional. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4a edição. Philadelphia: WB Saunders, cap. 64, p. 497 – 517, 1995.



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