sábado, 24 de outubro de 2015

Mielograma

Mielograma é o exame responsável pela observação da medula óssea que está localizada no interior dos ossos e é responsável pela produção das células sanguíneas. Através dessa técnica é possível se observar como estão as células do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas), permitindo assim através de suas alterações um diagnóstico de determinadas doenças como anemia, leucopenia e trombocitopenia, e também com a detecção de leucemias e de parasitas. Na execução da coleta é necessário que o animal seja anestesiado com anestesia geral para que seja realizada uma punção óssea seguida da aspiração do conteúdo presente no interior do osso chamado de medula óssea. Sem a anestesia o exame seria inviável já que é uma forma de coleta muito dolorosa, onde o animal ficaria muito estressado não permitindo que o médico veterinário realizasse a coleta de maneira adequada. Os locais onde a punção para a coleta de medula óssea pode ser realizada no caso do animal posicionado em decúbito lateral é no fêmur ou na tíbia, e no caso do animal posicionado em decúbito ventral o local de acesso e punção da medula óssea é a crista ilíaca.


Depois da coleta da medula óssea, parte do material é depositado em uma placa de petri para que possam ser observadas a presença de espículas medulares com movimentos de inversão da placa. Após a observação das espículas, esse material é coletado com tubo capilar para tentar capturar algumas espículas. Logo depois, o conteúdo do capilar é depositado em uma lâmina é colocada outra em cima e no mesmo sentido da primeira. Depois que o sangue estiver bem espalhado pela lâmina a de cima será removida e a lâmina com material coletado ficará no ar para secar e adquirir uma melhor qualidade de visualização.








Referências:
JAlN, N. C. Essentials ofveterinary hematology. Philadelphia: Lea & Febiger, 1993.417 p.
MEYER, D. J.; HA.RVEY, J. W. Hematopoiesis and evaluation ofbone marrow.ln: o Veterinary laboratory medicine - lnterpretation aod diagoosis. Philadelphia: W.B. Saunders, 1998. p. 23-42.
MENDONÇA, C.L. et al. Avaliação clínica e hematológica em bezerros Nelore infectados experimentalmente com isolados de Babesia bigemina das regiões Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.23, n.2, p.52-60, 2003.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Citologia


  • Coleta e achados citológicos em diferentes processos


O exame citológico é de grande importância para o médico veterinário, pois ele auxilia em um diagnóstico mais rápido que os exames histológicos e se baseia na observação das células e não dos tecidos. O exame citológico é feito através da observação de materiais líquidos coletados da região onde há uma suspeita clínica. Depois de coletado, será produzido um esfregaço em uma lâmina, esse esfregaço será corado para que suas células possam ser observadas através do microscópio.

Podemos observar algumas técnicas de coleta para obtenção de material para o exame:

Citologia Esfoliativa
É uma raspagem realizada com o intuito de remover as células mais superficiais para observação de epitélios e visualização de exudatos e agentes infecciosos ou parasitários. É uma técnica utilizada para avaliação de lesões cutâneas, no útero, otites, entre outras.

Citologia por Decalque (imprint ou claps)
Nessa coleta, é retirado um fragmento de 1 a 2cm do órgão ou nódulo no qual se deseja realizar o exame, com um papel toalha remove-se o excesso de sangue e com o restante, faz a impressão em uma lâmina. Muito utilizada em técnicas de necropsia para confirmação de diagnóstico e também utilizada em lesões cutâneas, onde a lâmina é pressionada sobre a lesão, e após a secagem é enviada para o laboratório.



Citologia por Esmagamento (squash)
É coletado um fragmento de 2mm, através da raspagem, e depositado em uma lâmina, esse fragmento receberá uma gota de corante e será colocada outra lâmina sobre o material que será comprimido e espalhado.

Citologia Aspirativa por Agulha Fina ou Punção Aspirativa
Utilizada para coleta em órgãos como linfonodos, próstata e tireoide ou para formações de massas. Com o auxílio da seringa com agulha, aspirar o material interno do órgão ou massa desejado, o material coletado deve ser colocado em duas lâminas nas quais seriam feitos esfregaços. Essas lâminas devem permanecer de 20 a 30 minutos no ar ou em álcool para que o material seja fixado e depois deve ser encaminhados para o laboratório bem embrulhado e identificado.

Colheita de fluídos sinovial, peritonial, pleural e líquor.                         
 O fluido deve ser coletado por uma seringa é transmitido 2 ml para o tubo de tampa vermelha, que é o frasco sem anticoagulante, e 2ml depositado em um frasco de tampa roxa, com presença de EDTA. Manter refrigerado em 2 a 8ºC. Também deve ser produzido um esfregaço sem cauda que irá secar ao ar e será transportado em temperatura ambiente.


  • Achados citológicos




Referências:
KÜEHNEL, W. Color atlas of cytology, histology, and microscopic anatomy.4. ed., New York: Thieme, p. 542, 2003.
RASKIN, R. Atlas de citologia de cães e gatos. São Paulo: Roca, p. 365-369, 2003.
RITO, I. Q. S. Utilização da citologia conjuntival no diagnstico de doenas oculares. 100f. 2009. Dissertação (Mestrado integrado em Medicina Veterinria), Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade Técnica de Lisboa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Transfusão Sanguínea

A transfusão é definida como uma terapia intravenosa com sangue total ou com hemocomponentes, dependendo da disponibilidade e da indicação da transfusão. A indicação mais freqüente para a realização da transfusão sanguínea é para correção da anemia grave causada por hemorragia, hemólise, eritropoiese ineficaz, anemia hemolítica auto-imune e neoplasia. Nas últimas décadas a transfusão sanguínea ganhou notoriedade como medida de terapia emergencial na clínica de pequenos animais. O avanço da técnica de hemoterapia e a maior segurança ao empregá-la estão relacionados com o reconhecimento dos tipos sanguíneos caninos e o teste de compatibilidade. Os estudos sobre tipagem sanguínea no Brasil ainda são escassos, sendo o teste de compatibilidade sanguínea a técnica mais comumente utilizada com o intuito de minimizar os riscos de reações transfusionais.

A transfusão sanguínea deve ser realizada em animais que se encontram em um estado crítico da anemia. A transfusão de hemocomponentes auxilia aumentado o transporte de oxigênio, corrigindo a hipoproteinemia e hipovolemia, auxiliam na imunidade passiva de animais que necessitam do colostro e ainda melhora a hemostasia.

Para que o animal passe pela transfusão sanguínea, é necessário que seja realizado testes de tipagem sanguínea para saber se o doador é compatível com o receptor do sangue, com isso evitando possíveis reações que podem ser causadas pela transfusão e que podem colocar em risco a vida do animal.



Nos casos em que o animal não necessita da transfusão com o sangue completo pois só está com deficiência de alguns de seus componentes é possível que seja realizado o fracionamento desse sangue e transfundir seus hemocomponentes separadamente.



O tratamento através da transfusão de sangue pode ser realizado em várias situações que diminuam as condições de saúde do paciente, como em hipoproteinemia, anemias, coagulopatias e hemorragias. Esse sangue após ser coletado pode ser imediatamente transfundido ou ser armazenado, na sua forma completa ou em hemocomponentes.
  • Seleção de doadores

Para que o cão seja aceito como doador eles devem ser saudáveis e adultos, com uma idade entre um a oito anos, com uma temperatura estável e peso mínimo de 27kg. O animal não pode apresentar ectoparasitas como pulgas e carrapatos e deve estar com as vacinas em dia, e vermifugado. Após ser realizado o exame físico, por mais que o animal se encontre visivelmente bem, devem ser realizados exames em busca de doenças que podem ser transmitidas através da transfusão sanguínea, como exemplo a Ehrlichia canis e a Leishmania sp. De 15 a 20% do volume sanguíneo dos cães pode ser doado a cada 3 a 4 semanas, com nutrição balanceada. Quando o animal não é suplementado com ferro, ele pode doar um volume máximo de 16 a 18ml por kg, já quando o doador é suplementado com ferro, ele pode doar uma média de 22ml por kg a cada 21 a 28 dias. Fêmeas doadoras caninas e felinas devem ser castradas e nunca ter parido. Os doadores devem ser vacinados, livre de doenças e de hemoparasitas, não podem ter passado por transfusão e devem passar por exames hematológicos e bioquímicos.
  • Coleta
O sangue geralmente é coletado com o animal em posição de decúbito lateral e através da veia jugular,  bolsa de coleta lacrada permitindo uma boa vedação tornando a ambiente da bolsa asséptico, nela está contida uma quantidade de 63ml do anticoagulante CPDA-1 (citrato-fosfato-dextrose-adenina) para cada 450ml de sangue, quando a quantidade de sangue for menor que 450ml, deve ser retirada parte do anticoagulante para que o sangue não fique muito dissolvido. No próximo 15 a 20 minutos seguidos a transfusão o animal deve ser observado para no caso de o animal apresentar mucosas pálidas, fraqueza ou outros sinais de pressão baixa, seja realizada soroterapia. Após a coleta o animal deverá ser alimentado e hidratado, e exercícios mais pesados deveram ser evitados por alguns dias.


  • Doação

A doação deve começar com a assepsia do local próximo à veia cefálica em que o animal receberá o acesso para a entrada do sangue no corpo do receptor. Durante a doação o doador deve ser constantemente observado para que qualquer alteração na coloração das mucosas, no comportamento do animal, no pulso ou na frequência respiratória seja detectada a tempo e o animal não sofra com a coleta excessiva do seu sangue. A doação em cães vai durar de 3 a 15 minutos em cães, e durante todo esse período é necessário que seja realizada a homogeneização do sangue para que não haja a formação de coágulos.









Referências Bibliográficas
-GOMES, S. G. R.; Transfusão Sanguínea. In: SANTOS, M. M.; FRAGATA, F. S. Emergência e Terapia Intensiva Veterinária em Pequenos Animais. 1a edição. São Paulo, ROCA, 2008. cap. 15, p. 172 – 190.
-KRISTENSEN, A. T.; FELDMAN, B. F. Bancos de sangue e medicina transfusional. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4a edição. Philadelphia: WB Saunders, cap. 64, p. 497 – 517, 1995.